A BIENAL COMO INCENTIVO À LEITURA
- Kerollen Simplicio
- 6 de ago.
- 4 min de leitura
Atualizado: 7 de ago.

Todos sabem que, há alguns séculos atrás, não existia internet. Então, ao imaginarmos o que aquelas pessoas faziam em seu tempo livre, logo associamos à produção de arte; mas, principalmente, ao hábito da leitura. Inclusive, existem diversas pinturas que retratam jovens mulheres, com seus vestidos longos e arredondados, em um momento lendo. Homens também não estavam isentos. Ou seja, podemos concluir que, não somente num tempo tão antigo, mas também há poucas décadas atrás, até mesmo no Brasil, as pessoas tinham o costume de consumir literatura, seja para fins de conhecimento ou para puro lazer.
A Conexão no nosso cotidiano
Mas hoje quero trazer uma reflexão sobre como a nossa geração tem tratado o universo dos livros e, no final deste texto, te fazer um convite. Se você se lembra bem, pode confirmar que dos anos 2000 até 2010, mais ou menos, os jovens e adolescentes acessavam, sim, a internet através dos telefones flips ou daqueles computadores de tubo. Talvez até você já tenha tido um desses modelos antigos. Enfim, naquela década, as pessoas já estavam conectadas de uma forma considerável, mas, ainda assim, não era uma coisa tão presente e até viciante como hoje.
Já nos tempos atuais, com tanta tecnologia de ponta, 5G, redes sociais e diversas coisas que, apesar de boas, causam muita dopamina barata, temos visto uma grande dependência nessa era digital, ao ponto de existir um termo chamado nomofobia — o medo ou a ansiedade de ficar sem o celular ou sem acesso à internet. Infelizmente, isso tem sido extremamente comum no Brasil, principalmente na vida dos jovens e adolescentes. É muito difícil encontrarmos, em qualquer lugar que seja, alguém que não esteja com o celular na mão. No tempo livre, no trabalho, na sala de aula, na hora do almoço, antes de dormir, entre tantos outros momentos, estamos com o celular por perto, ou até mexendo.
Mas você sabe o porquê disso? Resumidamente, os caras que desenvolvem plataformas e entendem do assunto, perceberam uma coisa. Sabe aqueles vídeos rápidos que vemos todos os dias, como Reels e Tiktoks, que depois não lembramos de metade do que assistimos? Então, são eles os responsáveis por gerar em nós a dopamina barata. Para você entender melhor, é como se fosse um jogo que te faz ganhar moedas. Se você fizer um exercício físico, por exemplo, o seu cérebro vai liberar essa sensação de bem-estar e felicidade com apenas 10 moedas, que são poucas, mas que duram muito. Já se você assistir a um único vídeo do Tiktok, é como se liberasse esse prazer com 200 moedas, que são muitas, mas acabam muito rápido. Essa é a dopamina barata: a que não presta e que não é saudável. Ou seja, esses meios rápidos para se distrair geram em nós uma necessidade constante de sempre buscar mais, causando o vício. Ao passo que fazer atividades que demandam mais tempo geram esse bem-estar durável e que traz bons resultados, como a leitura.

Portanto, precisamos começar a refletir naquilo que, ao invés de ser um bom recurso, com utilidade para tantas coisas, na verdade tem nos dominado e roubado de momentos em que deveríamos estar presentes de corpo e alma ou adquirindo conhecimento. Quantos familiares queridos deixamos de ouvir com atenção porque estávamos no celular? Quantas refeições fizemos sem apreciar o gosto de verdade? Quantas noites não dormimos direito porque o nosso cérebro não conseguia descansar devido a tanta informação? Quantas pessoas você já viu que não consegue escrever ou falar direito pelo tanto de abreviações e falta de vocabulário?
O Brasileiro lê ?
A pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", desenvolvida ao longo de 18 anos pelo IPL, mostrou que mais da metade dos brasileiros não lê livros. Nos últimos quatro anos, houve uma redução de 6,7 milhões de leitores no nosso país.
Por isso, é importante trazermos soluções e alternativas para que jovens, crianças e adolescentes conheçam novas formas de se divertir, passar o seu tempo livre e desenvolverem hobbies. E a famosa Bienal é um ótimo espaço para isso. É um evento que acontece todo ano, intercalando entre São Paulo e Rio, e que atrai milhares de pessoas de todo o Brasil para conhecerem mais sobre o universo da leitura.
Diversos escritores nacionais e internacionais são convidados para dar autógrafos e participarem de rodas de conversa; filas enormes são vistas por todos os pavilhões; os estandes fazem promoções e muitas escolas fazem excursões para esse evento. Assim, temos a oportunidade de conquistar mais leitores e,dessa forma, fazer com que mais pessoas se interessem pelo hábito da leitura.

Nesse ano de 2025, foi a vez do Rio de Janeiro receber esse evento tão importante. A próxima vez que a Bienal virá para a Cidade Maravilhosa será em 2027.
Então, aqui fica o apelo do Tarde Feliz para que você se descubra na leitura e, na próxima vez, participe de um momento tão importante como a Bienal.
Assim, você vai poder descubrir que, como disse Jhumpa Lahiri: “É pra isso que servem os livros. Para viajar sem sair do lugar.”
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